A Sesau (Secretaria de Saúde) emitiu alerta para que os 15 municípios do Estado aumentem as suas ações de vigilância contra a coqueluche, uma infecção respiratória que afeta principalmente as crianças.
De acordo com informações da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde, um caso da doença foi confirmado em um adolescente de 16 anos, residente no município de Boa Vista.
A suspeita de que o paciente estaria infectado com a coqueluche ocorreu no dia 15 de setembro, logo após ele passar por atendimento em uma unidade de saúde da rede privada.
Durante a investigação, foi verificado que o adolescente possuía esquema vacinal completo, sendo recolhida amostra para análise pelo Lacen-RR (Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima) no dia 24 daquele mês. A confirmação para a coqueluche ocorreu no dia 26, com a referida amostra encaminhada para análise no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
“O Lacen-RR informou o caso para o Núcleo de Controle da Meningite, Difteria e Coqueluche, que é subordinada ao Departamento de Vigilância Epidemiológica do Estado, para que fossem adotadas as medidas de controle e investigação [por parte do município de Boa Vista]”, destacou a gerente do Núcleo de Controle da Meningite, Difteria e Coqueluche, Elaine Queiroz.
Ainda segundo a CGVS, outros dois casos da doença foram confirmados, sendo ambos em adolescentes de 15 anos. As notificações ocorreram no dia 27 de setembro, com resultado de PCR liberados no 01º deste mês.
“Os casos confirmados foram encaminhados a Unidade Básica de Saúde para tratamento adequado e adoção de medidas de controle oportuna, além da realização de bloqueio vacinal do estabelecimento onde esses adolescentes estudam, no dia 03 de outubro, com vacinação seletiva daqueles indivíduos que não tinham esquema completo ou nenhuma dose de prevenção contra coqueluche”, completou Elaine.
O que é a coqueluche
Transmitida pela bactéria Bordetella Pertussis, a coqueluche tem como principal característica as crises de tosse seca, podendo também atingir traqueia e brônquios. Em crianças menores de seis meses, a doença pode apresentar agravantes que, se não tratada corretamente, podem levar à morte.
Sua forma de transmissão ocorre principalmente, pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada, por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar.
Há ainda casos em que a transmissão pode ocorrer por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes, apesar de pouco frequente. O tempo que os sintomas da doença começam a aparecer desde o momento da infecção, é de, em média, 5 a 10 dias, podendo variar de 4 a 21 dias e, raramente, até 42 dias.
“No caso de indivíduos que apresentem sintomas, é recomendado que procurem uma Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência, para buscar as orientações de coleta, tratamento e isolamento, além da notificação para investigação de caso”, pontuou Elaina.
Além de Roraima, o Ministério da Saúde também confirmou casos da doença nos estados do Paraná (585), São Paulo (543), Minas Gerais (205), Rio de Janeiro (176), Distrito Federal (118), Santa Catarina (72), Rio Grande do Sul (64), Goiás (43), Pernambuco (22), Paraná (18), Ceará (13), Rio Grande do Norte (9), Bahia (4), Mato Grosso (4), Mato Grosso do Sul (3), Pará (2), Rondônia (3), Paraíba (2), Alagoas (1), Amazonas (1) e Tocantins (1).
Aos municípios, a Sesau realizou as seguintes recomendações:
– Sensibilizar profissionais de saúde para a identificação precoce de caso suspeito de coqueluche e a notificação imediata, no prazo de até 24 horas, para a vigilância epidemiológica municipal;
– Informar o caso ao Núcleo de Controle de Meningite, Difteria e Coqueluche do Estado, via email (ncmd.cgvs@saude.rr.gov.br), no prazo de até 24 horas;
– Investigar, imediatamente, todos os casos suspeitos e confirmados com vistas ao diagnóstico, ao tratamento adequado e à adoção de medidas de controle de forma oportuna;
– Realizar coleta de secreção de nasofaringe para realização de análise, seguindo os procedimentos preconizados pelo Guia de Vigilância em Saúde de 2024, quanto à coleta, ao transporte e ao acondicionamento do material clínico, para o êxito de isolamento e identificação do agente etiológico;
– Realizar a quimioprofilaxia (utilização de antibioticoterapia), conforme preconizado no Guia de Vigilância em Saúde de 2024, nas pessoas que tiveram contato com pacientes que apresentam sintomas suspeitos, imediatamente após a suspeita do caso, com o objetivo de evitar a disseminação da doença;
– Avaliar rotineiramente as coberturas vacinais, assim como implementar estratégias de vacinação, principalmente, neste momento, em que as coberturas estão abaixo de 95%;
– Reforçar o esquema vacinal primário de pacientes, que é composto por 3 doses (aos 2, 4 e 6 meses de vida, com intervalo de 60 dias, mínimo de 30 dias) da vacina Pentavalente, seguida dos reforços com a vacina DTP. Os referidos imunizantes devem ser administrados em crianças a partir dos 2 meses de vida e menores de 7 anos de idade, conforme recomendações estabelecidas pelo Calendário Nacional de Vacinação da Criança da Ministério da Saúde;
– Para as gestantes, com vistas a imunização passiva do recém-nascido, através da passagem de anticorpos via transplacentária, até que possa iniciar vacinação contra a doença, aos 2 meses de vida, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) recomenda, uma dose da vacina dTpa tipo adulto, a cada gestação, a partir da 20ª semana gestacional. Para aquelas que perderam a oportunidade de serem vacinadas durante a gestação, administrar uma dose de dTpa no puerpério, o mais precocemente possível e até 45 dias pós-parto;
– Orientar a atualização da vacinação com a dTpa para todos os trabalhadores de saúde;
– Disseminar informações epidemiológicas à população e aos serviços de saúde públicos e privados.