O Ministério da Saúde e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) do Amazonas, com apoio da Sesau (Secretaria de Saúde), deram início nesta terça-feira, 1º, ao treinamento sobre o uso da tafenoquina no tratamento de pacientes contra a malária.
Voltada para profissionais que atuam no atendimento a indígenas assistidos pelo DSEI Leste (Distrito Especial Sanitário Indígena do Leste), a atividade segue até a quinta-feira, 3, no auditório da CGVS (Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde), no bairro São Francisco.
“Esse protocolo vem para facilitar o tratamento, principalmente da população indígena. Um primeiro treinamento já foi realizado com o DSEI Yanomami e agora essa ampliação com o DSEI Leste. Com essa nova rotina, teremos a possibilidade de tratar a malária de forma mais adequada, principalmente para esse público que é nômade, que é migrante, que não tem uma boa adesão a um tratamento mais longo”, afirmou a coordenadora geral de Vigilância em Saúde da Sesau, Valdirene Oliveira.
A realização da ação vem de encontro com as necessidades de melhorar a proteção da população contra a doença, principalmente contra o tipo Vivax. Segundo o próprio MS, 99% dos casos de malária no Brasil estão concentrados nas unidades federativas que compõem a Amazônia Legal, com o Amazonas e Roraima apresentando as maiores incidências da doença.
“A estratégia que estamos trabalhando é uma inovação no tratamento da malária, que é a introdução da tafenoquina, que é feita em dose única, em associação com a cloroquina, que reduz o tempo de tratamento do tipo Vivax”, salientou a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis da SVSA/MS (Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde) Alda Cruz.
Os benefícios do uso da tafenoquina no tratamento da malária Vivax são inúmeros, mas o principal deles é a redução do tempo, que cai de 7 para apenas 3 dias, segundo informou o gerente do Núcleo de Controle da Malária em Roraima, Gerson Castro.
“A tafenoquina é um privilégio para o Brasil, pois ela não é usada nem na América Latina, nem na América Central. Então, nós da Amazônia somos privilegiados com o uso dessa medicação, iniciando pelo DSEI Yanonami, por conta da emergência em saúde, e agora nós passamos a fazer esse mesmo protocolo com o DSEI Leste, e vamos expandir esse protocolo para os municípios a partir de março do ano que vem”, frisou o gerente do Núcleo de Controle da Malária no Estado, Gerson Castro.
Ao todo, segundo a diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena na Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Putira Sacoena, o treinamento conta com a participação 65 profissionais do DSEI Leste, e a intenção da parceria é ampliar esse número para 200 profissionais.
“Para nós, enquanto saúde indígena, esse treinamento é muito importante, até porque a gente sai do DSEI Yanomami e vem para o DSEI Leste, que é uma outra realidade. Porém, juntamente com a SVSA [Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde] e Governo de Roraima, a gente consegue organizar toda uma logística e treinamento para melhorar a qualidade do atendimento nos territórios e diminuir a mortalidade por malária”, pontuou.